terça-feira, 19 de outubro de 2010

"Público" vence guerra ibérica do ciberjornalismo

É uma característica intrínseca dos portugueses: pessimismo. Hospitalidade e simpatia são secundários. A verdade é que, na altura dos Descobrimentos, enviamos para o Mundo o que de melhor tínhamos em Portugal: os aventureiros. A vê-los partir ficaram os "Velhos do Restelo". Com a imensa capacidade de diminuir o valor histórico, económico e político de Portugal, com uma satisfação mórbida cada vez que Portugal aparece no fundo das listas, perduraram até aos dias de hoje.

Também a nível ibérico isto acontece. Os portugueses habituaram-se a olhar para a vizinha Espanha como um exemplo a seguir em todos os aspectos. O futebol deles é melhor que o nosso, a política é melhor que a nossa e são mais inteligentes que nós. E até no jornalismo este prazer de nos inferiorizarmos está presente.

 Quando olhamos para as notícias produzidas pelos media de outras partes do globo, temos tendência para valorizarmos os seus conteúdos. Aqui, no país que nos acolhe todos os dias, o público parece questionar a qualidade da informação que recebe, dia após dia. As dúvidas dos leitores são visíveis, é certo. Mas também é verdade que já não faz sentido os portugueses continuarem a ser influenciados pelos “Velhos do Restelo”.

 Decidimos fazer uma análise comparativa entre o  sítio do jornal “Público” e o sítio disponível do jornal espanhol “El País” e, num primeiro olhar, os aspectos positivos mostraram estar maioritariamente do lado nacional. As lacunas no ciberjornalismo vizinho são várias e deviam ser alteradas para que os conteúdos fossem mais facilmente compreendidos por parte dos visitantes. Um dos erros principais é o número exaustivo e confuso de imagens que compõem  a página. O visitante que abra pela primeira vez o sítio do “El País” vai obrigatoriamente desviar a atenção para as fotografias, uma vez que são mais apelativas, distraindo-se, desta maneira, do objectivo que realmente os levou ali: a actualidade informativa.



fig.1 - Página online do jornal "El País"

As falhas não ficam por aqui! Numa altura em que as redes sociais fazem parte do quotidiano de milhões de pessoas, é importante dar-lhes relevo também nas páginas online dos jornais. A troca de opiniões, as reflexões disponíveis nestas redes permitem aos jornalistas perceber o que é de interesse público e o que deve fazer parte da agenda noticiosa. Os responsáveis pelo sítio do “El País” parecem ter esquecido que estamos na era “facebookiana”. A hiperligação para este espaço virtual aparece no final do sítio, ao contrário do que seria expectável: o início da página, a fácil alcance dos olhos dos visitantes. O único senão aqui é o facto de estar em tamanho algo reduzido.


fig.2 - Redes sociais no "Público" online

fig.3 - Redes sociais no "El País" online


Nos dois aspectos já mencionados, o jornal “Público” é mais correcto. Coerência entre imagens e o conteúdo informativo, e ligações às redes sociais à vista de qualquer olhar, até dos mais desatentos. E para que o leitor não perca o ritmo da leitura, a publicidade é colocada na partes laterais da página, enquanto que na página do diário vizinho, apesar de também apresentar anúncios nos mesmo sítios que o "Público", há uma publicidade no centro que corta a dinâmica da pesquisa. Mais um ponto positivo a favor dos portugueses. 


fig.4 - Publicidade no "Público" online

  
fig.5 - Publicidade no "El País" online

É perigoso que a mentalidade dos mais novos siga o exemplo dos pessimistas que perduram por terras lusas. É provável que a Espanha tenha equipas de futebol mais fortes que as nossas, mas o melhor jogador do mundo é português. É verdade que o futebol deles é melhor que o nosso, mas o melhor treinador é português. É aceitável que considerem a política espanhola mais correcta que a nossa, mas o primeiro-ministro vizinho é grande amigo do nosso. No fundo, somos a excelência, mas não a reconhecemos.




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