terça-feira, 23 de novembro de 2010

Entrevista a Francisco Louçã




Foto: Activismo de Sofa

Francisco Louçã é o líder do Bloco de Esquerda (BE) e um dos elementos da oposição mais activos. Nesta entrevista, Judite de Sousa questiona o homem forte dos Bloquistas sobre o caso PT-TVI, o caso Freeport (TagusPark), o caso dos submarinos e também sobre o estado do país em geral. Veja aqui a cobertura minuto-a-minuto desta Grande Entrevista da RTP1.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Crise chega aos casamentos católicos

                                              (Foto: Encontro Cristão de Convivência Conjugal)


Os casamentos não-católicos aumentaram cerca de 21% desde o início do milénio. Em 2009, mais de metade dos casamentos realizados em Portugal não foram de índole católica. Enquanto que a percentagem de casamentos católicos, em 2000, beirava os 65%, hoje em dia não vai além dos 43%.  (Ver gráficos abaixo)




A estudante Rosa Pereira, de 26 anos, engrossa a lista de jovens que opta por um casamento não religioso. Não indo mais além do que uma cerimónia civil, Rosa explica que preferiu fazer “uma cerimónia mais íntima, afastada das festas que estão normalmente associadas ao casamento católico”. A jovem, que está a terminar uma licenciatura em Ciências da Comunicação, aponta as dificuldades financeiras actuais como principal causa para a diminuição das cerimónias tradicionais. “Um casamento pela Igreja fica muito caro. Não foi por isso que não optei por uma celebração católica, mas claro que influencia a decisão”, explica Rosa. 


Narcisa Freitas, de 29 anos, escolheu usar véu e grinalda e celebrar um casamento católico. “Como fui educada na religião católica fui idealizando desde pequena casar pela igreja, mais pelo compromisso que representa do que propriamente pela festa em si”, afirma Narcisa. Quanto à diminuição dos casamentos católicos, a jovem professora concorda com Rosa e aponta ainda uma outra causa: “Para além de ser muito caro, hoje em dia as pessoas não estão dispostas a assumir um compromisso sério em frente a tanta gente”.

Para consultar mais dados sobre este tema, consulte:

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Futebol no Minho: Como ir de Espanha a Marrocos em 20 minutos


Gritos, emoções fortes, aplausos. Tochas, petardos, cadeiras pelo ar. Claques. Fala-se de algo mais que futebol: paixão. Amor ao clube, independentemente do onze.
           
São mais do que simples adeptosEm tronco nu, com faixas, entoando cânticos, eles são o 12º jogador. Os outros, aqueles que ainda estão no balneário a ouvir o sermão do mister, esperam a hora da partida. A claque é que já está no campo muito antes de soar o apito, e começa a fazer-se ouvir. Uma voz puxa a outra e a claque puxa o estádio. É a festa do futebol.
            
Estamos no Minho, onde o desporto traça fronteiras. A placa, evidente, é o único objecto que separa Guimarães, ou Espanha, e Braga, também conhecida como Marrocos. Mais do que uma sinalização geográfica, serve de veículo de mensagens entre os dois territórios: “Guimarães é merda”, escreve-se de um lado. “Braga é merda”, escreve-se do outro. Não importa a originalidade: a ideia é perceptível.



(Figura 1 - As rivalidades evidenciadas 
numa paragem de autocarros)

A rivalidade entre o Vitória de Guimarães e o Sporting de Braga não é indiferente a ninguém. “A tensão é um sentimento que, uma semana antes do dérbi, entra pela cidade e não tem como ficarmos indiferentes a isso”. Quem o diz é o guarda-redes do Vitória, Nilson. Para ele, os fanáticos da bola são um apoio fundamental a qualquer clube, apesar de “serem emoção e não razão. São muito emotivos e levam tudo ao extremo. Se tiverem que brigar e matar, eles são capazes de o fazer”.


Do outro lado, em Marrocos, o actual número um das redes nacionais e bracarenses, Eduardo, não hesita: “As claques são o espectáculo dentro do espectáculo”. O guarda-redes esboça um sorriso de quem recorda jogos fervorosos.


Continuamos no Minho, onde o futebol desperta amores e ódios intensos. É dia de jogo. As forças policiais circundam a cidade anfitriã e não deixam que as claques se cruzem. É o risco de uma batalha campal, onde elementos da Cidade-Berço e da Cidade dos Bispos se confrontam pela honra. Por vezes, há sangue. É o preço a pagar pelo amor à instituição.


Estamos em Guimarães. A sala tem vista para o complexo do Vitória. Os jogadores treinam e o ambiente é calmo. O presidente senta-se e franze o sobrolho: “Uii, as claques!”. Mesmo assistindo aos jogos lá do alto, Emílio Macedo deixa transparecer um certo desassossego: “As claques não são fáceis. Quando as coisas correm bem apoiam, quando correm menos bem, chamam nomes”.


O ambiente continua calmo, no outro “país”. A sala está iluminada pelo sol que finalmente apareceu. António Salvador, presidente do Sporting de Braga, afunda-se na cadeira, relaxado. O assunto não parece ser o seu favorito, mas não receia dizer que as claques funcionam como uma motivação aos jogadores. Porém, não hesita em criticar os comportamentos mais violentos dos seus membros: “Não é bonito que existam claques que vão para o estádio para criar conflitos com as claques dos outros clubes”. 


Com mais ou menos reticências, existe um consenso entre as direcções dos dois clubes: desde que haja civismo, os grupos organizados são necessários para animar o futebol. De forma quase paternal, Emílio Macedo defende que “as claques deveriam conviver antes dos jogos, com respeito. Era bonito! Há miúdos que andam no futebol desde os 4/5 anos e não é um ambiente saudável”.


Os líderes das claques minhotas não pensam da mesma forma. Bracara Legion e White Angels são velhas conhecidas, mas não amigas. O amor por um símbolo é comum; o branco das camisolas também. Mas as semelhanças acabam por aqui. Não se deixem enganar: o ódio existe e veio para ficar.


“Paulinho” tem 24 anos e é o homem forte da Bracara Legion. Para ele, a rivalidade com o Guimarães é, sobretudo, necessária. É antiga e deve ser estimada como uma página da história minhota. O clube é o seu orgulho e é por ele que vibra e grita. Fala da violência associada às claques: “Há pessoas que têm a maneira de extravasar o fanatismo partindo tudo; mas eu sou contra e nunca fiz isso”. O líder não esconde que “por vezes, nem tudo corre bem. Há espaço para melhorar”.


Com um olhar sempre atento, “Paulinho” (como é conhecido entre as claques) lamenta a ideia negativa criada pelos média em torno dos grupos de adeptos: “Há claques boas e claques más. E, por vezes, por uns pagam outros…”. Amizades entre membros dos White Angels e a Bracara Legion? A resposta é rápida como um relâmpago: “Não! É impensável!”, afirma, levemente repugnado com a ideia.


Não é o único. Dois jovens adornados com símbolos vitorianos conversam na sede dos White Angels, na cidade onde nasceu Portugal. Hélder, de 22 anos, usa um anel com a designação “VITÓRIA” e Ricardo, 27 anos, um cachecol vitoriano. São os responsáveis pela claque e, tal como Paulo, rejeitam qualquer tipo de convívio com adeptos bracarenses: “Se eu descubro que alguém com quem travei amizade é do Braga, coço-me todo!”, diz Hélder, com um leve arrepio. Ricardo ri e concorda. “Não consigo ir a Braga. Só vou lá ver o Vitória. É uma cidade que não interessa…”, completa.


A temperatura na sede dos White parece ser elevada. Ao contrário de “Paulinho”, que diz ser contra a política da Bracara pressionar os jogadores em momentos difíceis com palavrões e assobios, Hélder e Ricardo têm outra convicção: “Pressão? É logo! Quando levamos um festival de bola, entramos pelo estádio dentro. A responsabilidade deles aumenta!”. O tom é natural. Não há espaço para facilitismo. Para os White, “é para trabalhar e ganhar!”, exclamam.


NOTA: Esta reportagem foi feita no âmbito da Unidade Curricular de Imprensa, não sendo, por isso, ciberjonalística.

O que se diz no Facebook sobre o filme do Facebook?

Antes de sequer pensarem no filme, o assunto já era apreciado por todos.


Rita Sousa: Eu adoro o facebook!

Depois de produzirem o filme, tornou-se no mais cobiçado por todos.

Nuno Markl: C'um camandro, nunca mais chega o serão, para eu pegar em milady Galvão e irmos ver o The Social Network!

O filme finalmente saiu e aí é que foi.


Nuno Markl: Pronto, o Social Network está visto e é espantoso!

The Social Network conta-nos a história de uma das maiores redes sociais do mundo e do seu criador, Mark Zucherberg. Aquilo que começou numa brincadeira da escola em que um universitário, para conquistar raparigas, criou uma página na Internet, acabou por se tornar num negócio multimilionário.


(Figura 1 - Cartaz de "The Social Network")

E se o filme se desenvolve em torno do Facebook - que conta actualmente com mais de 500 milhões de utilizadores – é também nele que circulam grande parte dos comentários com a opinião dos espectadores.

Uns, mesmo do outro lado do mundo, dão a sua opinião sobre o filme:


Eve Marmen: It was very good! How can a guy be so not social? It's crazy. (Tradução: Foi muito bom! Como é que um rapaz consegue ser tão anti-social? É de doidos).

Outros preferem falar dos actores:

Rita Vilaça: O Eduardo é mais bonito que o Mark!

E ainda existem outros que optam por brincar:

Jorge Martins: Fomos nós que o ajudamos a ser o que é: BILIONÁRIO.


Sérgio Reis: Devíamos ir ao encontro dele e pedir uns trocos. Um malvados daqueles a usar a malta para ganhar dinheiro.

Jorge Martins: Chama-lhe parvo. É o que dá as brincadeiras da escola.

(Figura 2 - Mark Zuckerberg e o Facebook)

O filme The Social Network, do realizador David Fincher, é o primeiro filme que explica o fenómeno Facebook. Conta com a participação de Jesse Eisenberg (Mark Zuckerberg), Rooney Mara (Erika Allbright) e Justin Timberlake (Sean Parker).

Mais informações sobre The Social Network:


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Traje Académico: a verdade dos mitos




Para muitos alunos, a praxe é um dos símbolos que caracteriza as academias de ensino superior, a nível nacional. A rebolar, de olhos no chão, a cantar ou a gritar estão os caloiros, alunos do primeiro ano. Com a capa a esvoaçar, ou simplesmente traçada como sinal verde para ordenar actividades aos caloiros, estão os doutores. A divisão é fácil de perceber. No entanto, para os alunos com três matrículas, os doutores, há uma preocupação acrescida na hora de praxar ou participar nas actividades da Academia: o traje. Por detrás de um simples tricórnio, uma capa ou até de um casaco, há uma série de supostas regras que os jovens têm sempre em atenção. Quando confrontados com a obrigatoriedade de certos elementos no traje, não revelam estar totalmente dentro do assunto, mas preferem seguir à risca o que vão ouvindo dos amigos.

Entre as regras que os alunos pensam ser essenciais estão:
  • O comprimento das mangas do casaco deve ser inferior às da camisa;
  • O número de emblemas a colocar na capa deve ser ímpar;
  • A capa deve arrastar no chão;
  • Tricórnio de arame tem de ser usado pelos alunos de engenharia;
  • Os três primeiros emblemas da capa devem corresponder ao nome do curso do aluno, à sua cidade e ao seu país.
Na Universidade do Minho, os alunos mostram conhecer todos os princípios para estarem bem trajados e seguem-nos praticamente de forma religiosa. Quem não cumpre as alegadas regras associadas ao traje é alvo de crítica. Letícia de Sousa, aluna do 3ª ano do Curso de Ciências da Comunicação, afirma estar arrependida por ter comprado o tricórnio de arame, pois os seus colegas asseguram que a aluna parece "um bocado engenheira”. A finalista explica, ainda assim, que cumpre outras regras por superstição ou por aconselhamento dos amigos. Refere que usa “o número ímpar de emblemas” porque há muita “gente que diz que dá sorte”. Manuel Figueiredo, também aluno finalista de Ciências da Comunicação, acrescenta que para quem não quiser ter a capa totalmente preta, “é obrigatório o uso dos três emblemas: da cidade, do curso e do país”.

                                           (Foto: Doutores de Ciências da Comunicação 2010)

Para os funcionários das lojas de trajes, as regras que preocupam os estudantes são simplesmente um conjunto de mitos e, ainda, desleixo na leitura do código de praxe. Cláudia Duarte, da loja “A Toga”, afirma que são vários os alunos que "passam o código de praxe à frente” e não esclarecem o que é dito pelo “boca-a-boca” que circula pela maioria dos estudantes. Em relação ao tricórnio de arames que já foi motivo de embaraço para Letícia De Sousa, Cláudia esclarece que “é perfeitamente mito”. O tricórnio de arame é associado, então, aos engenheiros devido ao facto de estes alunos desde sempre terem a “tendência de o deformar” e não o manter tão rectilíneo, acrescenta a comerciante.

Quanto ao tamanho das mangas da camisa e do casaco, ao número e tipo de emblemas e ao comprimento da capa, os alunos também não precisam de respeitar nenhum requisito. “A opção é dos estudantes”, afirma Jorge Faria, funcionário da retrosaria “Os Farias”. O comprimento da capa também não pode ser levado em consideração. Cláudia Duarte esclarece que "tem a ver com gostos". A comerciante afirma que "não existe comprimento obrigatório" para a capa, no entanto, na opinião de Cláudia, "fica mais bonito" quando os alunos traçam a capa e esta fica na zona do sapato. "É mais um mito", conclui.  


Mais curiosidades sobre o traje académico: